quarta-feira, 11 de junho de 2014

"Good Bye, Lênin!": Onde o socialismo e o capitalismo se encontram


Profª. Joyce Pereira

Good Bye, Lênin! (em português “Adeus, Lênin!) é um filme de comédia dramática alemão lançado no ano de 2003.  Seu enredo principal conta a história de Alexander que reproduzir o regime socialista para sua mãe, fervorosa defensora da RDA na Alemanha então reunificada.

Para ser mais didática, logo no começo do filme Alexander está em meio a um protesto do contra o governo socialista e, quando está sendo preso sua mãe, Christiane, o vê e acaba tendo um ataque cardíaco que a deixa em coma durante meses, tempo necessário para que ocorresse mudanças substanciais na Alemanha Oriental como a Queda do Muro de Berlim e a capitalização do lado oriental. Exemplos disso são: sua irmã que deixou de estudar para trabalhar numa rede de fast-food; Alexander deixa de consertar TVs para trabalhar instalando parabólicas, e as multidões de móveis velhos espalhados pelas ruas, já que os moradores estavam trocando-os por aparelhos mais modelos arrojados. Poderia citar outros exemplos que demonstram o processo de reabertura capitalista na Alemanha Oriental, mas, perderia a chance de dar a vocês a ‘graça’ de descobri-los no filme.




Mas, o ponto alto e recorrente da história é o simulacro que Alexander produz para que sua mãe não se dê conta das mudanças que aconteceram. Quando ela acorda do coma, os filhos são avisados que qualquer emoção mais forte pode levá-la à morte. Então, por amor à mãe, eles reproduzem no quarto no qual Catherine ficará o modelo antigo socialista com móveis velhos e coisas a consertar. Alex, também contará com a ajuda do seu companheiro de trabalho, que é metido a cineastra para produzir os jornais do regime oriental com as velhas notícias, mas, ao  mesmo tempo acaba criando a RDA que sua mãe tanto queria. 



Enfim, não explanarei mais sobre o filme, para instigá-los a assistirem. E para finalizar, a cena mais emblemática é a estátua de Lênin sendo carregada pelos ares da antiga Alemanha Oriental que dá adeus à Catherine e a todos os outros habitantes do mais novo território capitalista.




Logo abaixo, o filme.


Resultado da Seleção de Autores

O Clic História, blog de faz parte do Historiante Brasil vêm divulgar o resultado da seleção para novos membros de sua equipe:

1 - Walter Luiz de Andrade Neves.

Att,

Joyce Oliveira Pereira
Editora-chefe do Clic História.

terça-feira, 20 de maio de 2014

CHAMADA PARA AUTORES

Olá, historiantes.

Nosso blog está em busca de novos(as) colaboradores(as), gente que queira compartilhar conhecimentos históricos, falando para o público em geral, numa linguagem democraticamente acessível, sem perder o rigor teórico.

Para isso, estamos iniciando a seleção de novos membros esse mês, tendo como data final o dia 06/06/2014

"Como participar?", você deve estar perguntado. É simples.

Envie um email para edicao@ohistoriante.com.br, com seu nome completo, formação acadêmica e seus objetivos n'O Historiante, caso seja selecionado(a). Além disso, em anexo, você deverá enviar um texto seu sobre história (tema livre), para que possamos analisar seu estilo de escrita. Entre 3 e 5 laudas (sem contar as ilustrações utilizadas). Pode tomar como base as nossas produções, disponíveis na home page.

Lembre-se: O Historiante é um site voltado para o ensino de história, e o público alvo são alunos e professores do Ensino Fundamental e Médio, bem como todos aqueles que curtem história.
Os selecionados serão integrados à equipe, e suas respectivas produções, utilizadas na seleção, serão capa do site.

O que está esperando? Participe!

OBS.: Quem esquecer de enviar algum dos elementos solicitados acima (informações no corpo do email e texto didático/histórico com tema livre) será automaticamente eliminado da seleção.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Gabo, apenas um rapaz latino americano

 

Influenciado por avós absolutamente peculiares e encantando na adolescência com a escrita de Kafka em A metamorfose, Gabo nasceu na América Latina, com todas as suas cores, amores e dissabores, nasceu na Colômbia, tão pobre sendo rica, nasceu em Arataca conhecendo desde cedo a força do imperialismo americano. Gabo entendia desde criança como funcionava a política estadunidense de fazer da Latinoamerica o seu quintal.

Sou uma pessoa que gosta de livros e autores e vim aqui falar de um dos maiores. Vim falar de Gabriel Garcia Marquez, um dos nomes mais famosos da América Latina, escritor brilhantemente premiado em vários países, tendo seus livros traduzidos para línguas em todos os continentes, e com mais de dez histórias que se tornaram filmes. Gabriel Garcia Marquez que escrevia para os amigos e escrevia de memória. Gabo, maior nome do realismo mágico na América Latina e no mundo. Gabo, que foi escrever por obrigação e que certa vez escreveu: "o ofício do escritor é talvez o único que quanto mais se pratica mais difícil fica". Gabriel Garcia Marquez foi ao meu ver, uma das vozes mais eloquentes (tanto em livros quanto em discursos - que ele odiava fazer) das sofrências e querências da América Latina, desde os desertos áridos do Chile, passando pela pobreza boliviana e chegando aos mexicanos sonhadores de um futuro melhor na América Anglo-saxã. 

Foi interessante ver a repercussão da morte de Gabo na mídia. A Rede Globo, por exemplo foi aos EUA mostrar como aquele país reagiu a morte do escritor. Gabo nasceu na Colômbia, viveu boa parte de sua vida no México (vivia lá até sua morte) e sempre uma relação de grandes afetos com Cuba. Dos EUA Gabo foi convidado a retirar-se por sua conduta socialista. A Globo não foi ao México, a Cuba ou a Colômbia, se Macondo existisse de fato, a emissora não teria ido lá também. A ironia de tudo isso é que Gabo é um desses escritores que reflete em sua trajetória (com paradoxos, paixões, contradições) as várias facetas da América Latina. Seja o convívio com as grandes empresas estrangeiras que vieram a nós retirar nossas riquezas e aprofundar nossas pobrezas, seja a atração sempre complicada com o socialismo e os ditadores latino-americanos, seja o desejo de liberdade e emancipação deste continente.

Gabriel Garcia Marquez refletia em sua vida e em sua obra muitas da indiossincasias de um apenas mais um latino-americano: viveu na Europa (numa época em que era fundamental a uma boa educação viver na Europa); apaixonado por cinema, participou de escolas de cinema na Europa e teve a oportunidade de aprender com diretores como Wood Allen e Akira Kurosawa; foi correspondente internacional; participou de grupos literários e mudou-se constantemente de cidade pra cidade na Colômbia. Em torno dele haviam várias críticas a sua posição política socialista, os críticos diziam que ele só queria publicidade ao unir sua imagem a pessoas como Fidel Castro, os amigos dizem que Gabo de fato acreditava no socialismo e no íntimo era um idealista. O fato é que Gabo sempre associou sua imagem ao socialismo e por razões como essa foi convidado a retirar-se dos EUA quando era correspondente lá. Outro aspecto interessante sobre isso é a escrita do livro O outono do patriarca (considerado por ele seu melhor livro), que conta a história de solidão e paranóias que acompanham um ditador sanguinário latino americano. Alguns se perguntam: Gabo descrevia a vida de seus amigos ditatoriais? Eu não sei te responder. Posso te dizer que o livro é sim de fato maravilhoso! Uma das melhores histórias do colombiano.

O México acabou por se tornar outra pátria de Gabo, o lugar, onde em suas próprias palavras, ele encontrou o sossego que a publicidade de seus livros e suas posições políticas não o deixavam ter em outros lugares.   A Colômbia sempre foi a sua pátria, o espaço de pertença de que um momento pra outro ficou pequeno para o jornalista que vinha de uma cidade desconhecida e escrevia textos jornalísticos que impressionavam e depois enveredou pelo conto e pelo romance. Um jornalista que não queria escrever, mas gostava de contar histórias. Muitas delas aprendidas com o avó em Arataca. A Colômbia tornou-se mítica na prosa de García Márquez, e estava em seus livros, suas pequenas vilas descritas, suas convenções sociais e sua gente pintada com capricho por um gênio da literatura que fez a Colômbia conhecida não apenas como um país de café e FARC. 

Gabo publicou crônicas, livro-reportagem, contos e romances que tinham como personagem de fundo a América Latina. Recebeu inúmeras premiações, entre elas o Prêmio Nobel pelo conjunto da obra na década de 1980. Em 2002, o escritor publicou suas memórias no livro "Viver para Contar": sua infância com os avós, adolescência com os pais, a juventude, Arataca, Barranquilla, Cartagena, Europa... A vida do colombiano nos foi desnudada, ou pelo menos a vida como ele recordava. Esperava-se uma segunda parte que não saiu em virtude da demência senil que acometeu o escritor após seu longo tratamento contra o cancêr. Desde então Gabo não escreveu mais, pois só escrevinhava o que recordava. Em 2011 foi lançado o livro "Eu não vim fazer discurso", um coletânea de maravilhosos discursos de um escritor que odiava fazê-los.

Antes de todas essas coisas, Gabriel foi um latino americano feliz apesar de todas as circunstâncias, a ele não estava fadada cem anos de solidão.

Em um maravilhoso momento chamado a falar sobre o mundo ele discursou:
"E ainda assim, diante da opressão, do saqueio, do abandono, nossa resposta é a vida. Nem os dilúvios, nem as pestes, nem a fome, nem os cataclismos, nem mesmos as guerras eternas através dos séculos e séculos conseguiram reduzir a vantagem tenaz da vida sobre a morte. Uma vantagem que aumenta e se acelera: a cada ano há 74 milhões de nascimentos a mais que mortes, uma quantidade de vivos suficientes para aumentar sete vezes, a cada ano, a população de Nova York. A maioria deles nasce nos países com menos recursos, e entre eles, é claro, os da América Latina. Enquanto isso, os países mais prósperos conseguiram acumular         um poder destruição suficiente para aniquilar cem vezes não apenas todos os seres humanos que existiram até hoje, mas a totalidade de seres vivos que passaram por este planeta de infortúnios. 
Num dia como o de hoje, meu mestre William Faulkner disse neste mesmo lugar: "Eu me nego a admitir o fim do homem". Não me sentiria digno de ocupar este lugar que foi dele se não tivesse a consciência plena de que, pela primeira vez desde as origens da humanidade, o desastre colossal que ele se negava a admitir há 32 anos é, hoje, nada mais que uma simples possibilidade científica. Diante deste realidade assombrosa, que através de todo tempo humano deve ter parecido uma utopia, nós, os inventores de fábulas que acreditamos em tudo, nos sentimos no direito de acreditar que ainda não é demasiado tarde para nos lançarmos na criação da utopia contrária. Uma nova e arrasadora utopia da vida, onde ninguém possa decidir pelos outros até mesmo a forma de morrer, onde de verdade seja certo o amor e seja possível a felicidade, e onde as estirpes condenadas a cem anos de solidão tenham, enfim e para sempre, uma segunda oportunidade sobre a terra."


Este texto é da convidada especial , Profª. Ailma Cintia Barros, que o escreveu como uma fiel amante das obras de Gabo.
                                                                                                                                                                                                                                                       



quarta-feira, 14 de maio de 2014

Trabalho escravo: passado e presente na exploração dos sujeitos.

A abolição do trabalho escravo em 1888 através da lei Áurea , para fins teóricos, resolveu a questão dos sujeitos escravizados, mas, ao aumentarmos o foco sobre essa questão, percebemos o quanto na prática, esses sujeitos que agora eram libertos  sofreram no processo de readequação de seu papel à sociedade brasileira do XIX. Reflexos contemporâneos disso, é a luta pela igualdade de direitos trabalhistas, a PEC DAS DOMÉSTICAS, que ainda causa polêmica e indefinição. A título de curiosidade, o serviço doméstico foi ocupado pelos libertos após o fim da escravidão. Este assunto já foi debatido e pode ser encontrado em http://historiantebrasil.blogspot.com.br/2013/05/herancas-senhoriais-pec-das-domesticas.html. 



Mas, o propósito desse texto, não é apresentar uma discussão histórica sobre o fim da escravização moderna. Quero apresentar como o 13 de Maio não representa o fim do trabalho escravo em nossa sociedade. Ontem, foi noticiado que uma das maiores cadeias de lojas do Brasil ,a C&A , foi condenada a pagar uma indenização de R$ 100 mil reais por submeter seus funcionários a uma jornada excessiva de trabalho no estado de Goiás:
Segundo nota publicada no site oficial do órgão, a Procuradoria Regional do Trabalho da 18ª região (GO) teria constatado que a empresa obrigada a equipe a trabalhar em feriados sem autorização em convenção coletiva, não concedia intervalo de 15 minutos quando a duração do trabalho era superior a quatro horas  e impedia o intervalo para repouso e alimentação.  
O documento diz ainda que a C&A prorrogava a jornada de trabalho dos funcionários para além do limite geral de duas horas diárias e não pagava horas extras no mês seguite à prestação dos serviços, além de não homologar rescisões de contrato no sindicato dos trabalhadores”.

Esse tipo de notícia nos choca ao vermos o quanto está perto de nós a exploração excessiva do trabalho alheio. Você geralmente pensa que é falta de educação quando nos dizem “Posso lhe ajudar?” com aquela má vontade, mas, não se pergunta a que condições ele está submetido para fazê-la dessa forma. Nesse caso específico, já sabemos o motivo.

Agora, imagine a exploração que não vemos e, sabemos apenas por estouros midiáticos nos quais, à sua maioria homens são encontrados em condições de trabalho semelhantes à escravidão. Geralmente, os sujeitos que passam por este tipo de violência são provenientes de outros estados, são aliciados por desconhecimento ou por falta de opção de subsistência em sua terra natal. Esse tipo de trabalho compulsório é denominado “escravidão contemporânea”, ela engloba práticas de sujeição física ou psicológica como o endividamento crescente e impagável, uso da força ( intimidação, assassinato), cerceamento da liberdade.

Ambiente em que vivia trabalhadores que foram libertados em São Fidélis, RJ (2014)


As áreas mais suscetíveis à esse tipo de sujeito em situação de vulnerabilidade são os estados de Minas Gerais, Maranhão, Pará, Bahia e Goiás. Os locais onde acontecem mais ‘libertações’ são nos estado de Minas, Pará, Goiás, São Paulo e Tocantins.

Desde 1995, quando foram iniciadas as ações de fiscalização desse tipo de atividade criminosa foram contabilizados cerca de 46. 478 trabalhadores libertados em situação semelhante à escravidão. Eles podem exercer funções nas lavouras em épocas de colheita, trabalhar em construções civis – atividades sazonais. Após a  libertação, o sujeito tem que ser acompanhado, pois, há o risco de reincidência ; t~em que se criar condições que permita que eles não sejam mais expostos e suscetíveis à essa prática.



 Temos visto constantemente denúncias que alertam para a exploração do trabalho no campo, mas, também nas cidades. Sem contar, outras formas de exploração: trabalho infantil, tráfico sexual de mulheres . Todas essas maneiras de sujeição e exploração mostram o senhorio que habita em nossa sociedade.  



Profª. Joyce Pereira

terça-feira, 6 de maio de 2014

Dia do trabalhador e não do trabalho!

A dor, o cansaço de cada dia, o enfado, stress, o imensurável desgaste de uma vida de trabalho, não deve ser perdidos quando no histórico 1º de maio paramos todas as atividades, exceto os trabalhadores que não param nunca: pobres escravos da arrogância do mundo moderno, pois existem infinitos trabalhadores obrigados ao trabalho ainda no dia de hoje, o homem que trabalha na praça de alimentação do shopping de sua cidade talvez não saiba o que é folgar no dia do trabalhador.  Contudo, é importante que esse dia não seja marcado por apenas comemorações, mas por luta – é clichê, mas é válido.
Luta sim, saber que o dia é do trabalhador já começa rechaçando a tentativa de comemorar um dia do trabalho, bem longe disso; o dia deve ser encarado como um dia de vitórias, pois com muito esforço, greves, barricadas e mortes – inúmeros direitos aos trabalhadores foram conquistados. Difícil achar que estes direitos hoje estão consolidados e findados, pelo contrário nunca foi tão necessário lutar. O dia do trabalhador num é o dia do reconhecimento pelo seu trabalho, mas o dia de luta e consciência das vitórias já alcançadas e daquelas que ainda precisam conquistar.
Ainda há quem no 1º de Maio ainda tente colocar o ideal de um ‘pai dos pobres’, que tenha concedido benefícios merecidos a uma camada da população que sustenta qualquer país, muito menos isto deve ser colocado como algo positivo no dia do trabalhador, esse é um dia em si histórico, por marcar a luta e a morte de operários que em meio ao fogo não desistiram de lutar por melhores condições de trabalho, condenados a morte, não sabia o valor que estavam criando para a classe operária.


Dia do trabalho é na mente de insanos patrões exploradores, todos os dias, mas hoje não, hoje tem que ser mencionado aquele que leva em si a dor, ou as dores, de sua árdua e difícil tarefa. Em muitos locais ainda há pessoas trabalhando como escravos, recebendo as piores condições de exercerem suas atividades, nos canaviais, no interior das grandes matas, no silêncio da madrugada. Pessoas que são pouco conhecidas como trabalhadores, mas que precisam desse reconhecimento para ganhar seus direitos trabalhistas, como ambulantes, feirantes, autônomos, livres labutadores do cotidiano de suas vidas. Esse é um dia também da dor destas pessoas. E de saber que ainda há lutas para serem vencidas.

Não deixemos mais confundir, nem propositalmente ou por mero desconhecimento, o dia do trabalhador não é o dia do trabalho. É preciso reunir uma consciência dessa classe e passar a exigir direitos ao Estado, que sirvam de fato para a melhoria desses trabalhadores: exigir uma saúde de qualidade, escolas públicas de excelência, investimento no transporte público estas são em si reinvindicações trabalhistas. 

Prof. Neto Almeida

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Salve Jorge!!!:



É vinte de abril de 2014, dia de São Jorge.
Santo extremamente popular no Brasil, tem em sua trajetória histórica um laço muito forte com os portugueses. E, é justamente essa devoção lusa que atravessou o Atlântico que foi o início  do culto ao Santo Militar na terra brasilis.

São Jorge faz parte do rol de santos que sofreram suplícios no ínicio da Era Cristã. Santos com essa característica (de terem morrido defendendo o Cristianismo) foram os primeiros a serem cultuados e tiveram grande apelo popular. O culto aos santos, aos seus corpos supliciados, às suas relíquias  e a crença na ressurreição destes mudou o imaginário e trouxe a convivência dos já falecidos para a sociedade dos vivos.

Ele possui mais de um relato hagiográfico e, por isso em 325 d.C , no Concílio de Nicéia todas as legendas sobre a sua vida foram consideradas apócrifas, mas, como o culto à ele já estava bastante difundido nas cidades do Mediterrâneo e outras do norte europeu, uma nova narração foi atribuída à sua vida e santidade: São Jorge contra o dragão.

Esta é a mais conhecida, e versa sobre como o intrépido militar salva a princesa Sabra do terrível dragão que exigia sacrifícios diários na cidade de Sylén (Líbia). Ele o mata com sua lança, livra a cidade da fera e, por fim consegue a conversão ao cristianismo dos habitantes daquele local. Como em todo relato, há várias versões. Esta é apenas uma dessas.
O dragão foi identificado como as doenças a serem curadas ou com as heresias a serem combatidas. Atualmente, ele é visto como os desafios que os seus devotos têm que enfrentar no dia-a-dia.


Esta é a representação mais conhecida de Jorge e que ajudou a construir o imaginário em torno do santo. Ela se difundiu a partir da Legenda Aurea, que é uma compilação sobre a história da vida dos santos (hagiografia) feita durante o medievo que alcançou bastante sucesso.No século XIV, já era patrono da Inglaterra, Portugal, Veneza e Gênova.

Jorge e os Lusos


São Jorge teve sua representação associada à um guerreiro, defensor da fé cristã e, protetor dos territórios e das pessoas. Durante a Reconquista Cristã (718- 1249) na Península Ibérica se tornou um importante símbolo na luta contra os mouros. Os portugueses vencedores neste conflito, agraciaram Jorge, com veneração pessoal dos seus reis da Dinastia de Borgonha, a começar com Afonso Henriques (1143-1185) construiu uma igreja em agradecimento e foi seguido por Sancho I (1181 - 1211) deu seu cavalo ao Santo  e, Afonso IV  (1325 -1357) evocava seu nome nas batalhas. 

Na dinastia de Avis, segundo os relatos intercedeu na Batalha de Aljubarrota (1385)  libertando os lusos de um possível julgo espanhol. Dessa maneira, se tornou padroeiro de Portugal através do rei D. João I (1357- 1433), mestre de Avis. Recebeu vários espaços, como o paço régio - denominado de Castelo de São Jorge -  e, nos campos de Aljubarrota foi construída uma Igreja para Santo.




Durante a expansão ultramarina, o seu nome foi levado para as novas terras: uma das ilhas dos Açores tem seu nome, na costa da Guiné há a Fortaleza de São Jorge da Mina e, aqui no Brasil a Freguesia de São Jorge de Ilhéus, na costa.

As procissões foram fundamentais para o culto se tornar cada vez mais popular: podemos citar a procissão de Corpo de Deus (1387) que era a festa mais importante da Igreja Católica Lusa, na qual a aparição da imagem de Jorge era o ápice da festa. Na procissão de Corpus Christi simbolizou a idéia de fundação da dinastia dos descobrimentos e, tornou o evento cívico e tradicional.

Jorge e o Brasil

As diferentes experiências sociais e, principalmente a escravidão e seu processo de negação das práticas religiosas dos escravizados permitiram/ forçaram o contato, difusão, associação e assimilação de entidades do panteão africano com santos católicos - esse processo é chamado de sincretismo religioso.

São Jorge não escapou à essa nova prática do sagrado: ele é associado ao orixá Ogum no Rio de Janeiro e, na Bahia à Oxóssi. Esta associação de São Jorge - Ogum é muito forte dentro dos terreiros de umbanda do Rio e também em outras regiões do país. Assim como São Jorge, Ogum é um orixá guerreiro e, essa  associação o tornou um santo extremamente popular.

Exemplos disso é uma cultura de consumo sobre a representação imagética de São Jorge em camisas, anéis, colares e etc, mas, que representam a fé e a simbologia da proteção no corpo de quem os usa. Na música, seus devotos expressa sua devoção sincrética ( a exemplo Zeca Pagodinho na música intitulada "Ogum") e, Jorge já virou até tema de novela da Globo - "Salve Jorge".


E como hoje é o dia dele, Salve Jorge!!!



Profª. Joyce Pereira

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Propaganda, sexismo e a “mulher funcional”: A História de valores.


‘Keep her where she belongs” (numa tradução aproximada: Mantenha-a onde ela deve ficar/pertencer). Desse modo, a grife Mr. Leggs anunciava seus recém-lançados sapatos sociais na década de 60. A interpretação da imagem e daquilo que está implícito e representado é imediata; a mulher com certa nudez, deitada no chão, focada e visivelmente agraciada ao contemplar um objeto de indumentária... masculina. Sensualidade, passividade, fascínio, a percepção do novo, padrões de beleza, tais elementos norteavam a maneirar de fazer publicidade com a presença da mulher. Vender uma ideia, retratar um cena, atrair a atenção do público comprador, implicava refletir e apropriar-se de valores. Era a sociedade do consumo, de consumadas padronizações.

E aí, caro leitor, ao dar um novo golpe de vista na imagem, você pensa: Que absurdo, que machismo relegar e subjugar a mulher dessa maneira. De fato, o efeito de choque no nosso tempo é evidente. Mas precisamos nos atentar que valores, pessoas e o enfoque das ideias se altera, todavia deixa rastros, culturas, práticas que adentram nosso cotidiano, bem como delineiam as formas de representações femininas são concebidas.

icos constantes no ENEM, que podem exigir dos alunos, uma resposta posicionada a respeito do papel da mulher na sociedade, relacionando contemporaneidade, sociedades antigas, direito de voto, movimentos sociais e luta do feminismo. É aí que a História entra. A mulher sorridente em frente a batedeira da marca japonesa Kenwood é o explicito reflexo da construção de uma socieda
Quantas mulheres não conseguem cargos tradicionalmente masculinos, e quando o conseguem, não há uma equiparação e salários proporcionais? Mais um exemplo? Complete: Mulher no volante__________________. Automatismo, rima? Não, valores históricos constituídos, repaginados de humor e senso-comum. É a tal da prática do sexismo, que privilegia um gênero e sistematiza conceitos. Cidadania, gênero, identidade, são eixo temá
tde de consumo patriarcal, que colocava a mulher em papel participante da vida privada, da casa, da instituição família. Afinal o chefe pode fazer tudo, mas cozinha, é pra isso que servem as mulheres (“the chef does everything,but cook that’s wives are for”) . Quem lembra de Amélia, que não tinha a menor vaidade? E as belas mulheres de Atenas, cantadas nos versos de Chico Buarque, margeadas na cidade-estado grega?
com o saber histórico a respeito de um tema específico Gostou? Clica, curte aí. PS: a propaganda da cerveja da empresa Kirin- Devassa foi alvo de críticas e processo por parte do Ministério da Justiça. Preciso dizer porquê? A imagem fala. Prof. Lucas Nogueira.

DICA PARA O ENEM: Da antiguidade patriarcalista, passando pela visão biológica e pecadora da cristandade ocidental e chegando na inserção da mulher na sociedade industrializada. Em dadas épocas, as representações e a valoração da figura feminina perpassam e herdam maneiras de pensar, normas e condutas sociais. Fique atento vestibulando, tais elementos pedem um posicionamento crítico em provas, sempre fazendo o lin
k.